sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"MESMO ASSIM O SONHO NÃO ACABOU" - VEJA MATERIA PUBLICADA NO JORNAL HOJE EM DIA - Agostinho dos Santos - Repórter - 10/12/2009 19:56



Um decreto assinado pelo prefeito Marcio Lacerda, e publicado nesta quinta-feira (10) no Diário Oficial do Município (DOM), proibindo eventos de qualquer natureza na Praça Rui Barbosa, a Praça da Estação, a partir de 1º de janeiro do próximo ano, pegou de surpresa moradores da região, promotores de eventos e frequentadores do local.

Reformado há poucos anos, o espaço abriga o Museu de Artes e Ofícios e vinha sendo usado para shows, eventos de várias religiões e manifestações culturais diversas. A alegação da prefeitura é de que o patrimônio público estava sendo depredado e causando transtornos ao trânsito.

Marcio Lacerda, que participava da inauguração de mais uma etapa do projeto Vila Viva, no Aglomerado da Serra, disse que tomou a medida depois de ouvir sua assessoria e pelo apelo de moradores do entorno da praça, que se sentiam prejudicados por causa do barulho. Segundo ele, a decisão pode não ser definitiva. “Precisávamos dar um empo para encontrar uma solução ou outro local para esses eventos”, afirmou.

Segundo o prefeito, chegou até seu conhecimento o que ocorria quando da realização dos eventos, principalmente os que reunia milhares de pessoas. “Discutimos o caso, porque tivemos muitos problemas e dificuldades, além da questão do museu, que também funciona lá”, acrescentou.

A presidente do Museu de Artes e Ofícios, que funciona na praça desde 2005, Ângela Gutierrez, comemorou a decisão. “Não acredito numa coisa dessas, os eventos estavam acabando com o local, que foi recuperado há pouco tempo”, disse. Para ela, a decisão veio num bom momento, preservando um espaço para que a população, principalmente moradores próximos ao local, possam usufruir das belezas da praça.

“A praça pertence à população, mas deve ser usada com civilidade, com respeito e de maneira saudável. Muitas pessoas que moram no Centro têm poucos locais disponíveis para passar alguns momentos de tranquilidade”.

Ela acrescentou que ficava preocupada com o perigo de depredação das estátuas que decoram o local e que são de responsabilidade de seu museu. Muitos moradores vizinhos se disseram aliviados com o fim dos eventos.

“Não dava para ficar dentro de casa. O barulho é infernal, com muita gritaria e quem mora aqui não tinha sossego”, afirmou a professora aposentada Antonina Gonçalves, 56 anos, moradora do Edifício Barcelona, na Avenida Francisco Sales.

Já o técnico em segurança do trabalho André Messa, 27 anos, que mora no Condomínio Gastão Faria, ao lado do viaduto da Floresta, lamentou o fim dos eventos, principalmente os shows. “Quem perde é a cidade, que tem poucos locais para eventos. Aqui pra gente, não incomodava nada, às vezes até ia lá para participar”, contou.

O proprietário da Divina Comédia Produções, produtora de São Paulo, que realizou vários shows no local, como o de Fernanda Takai e Jota Quest, em maio, que reuniu cerca de 30 mil pessoas, lamentou. “Não tivemos qualquer problema. Lamento que a cidade fique órfã de um local para grandes eventos”.


FONTE: JORNAL HOJE EM DIA MINAS - DEZEMBRO 2OO9