Motivação para a escolha do enredo
A bicampeã dos carnavais 2009 e 2008 de Belo Horizonte, a escola de samba Acadêmicos de Venda Nova, orgulhosamente apresenta o enredo: “Das Minas às Geraes - o cantar de um povo e suas capitais.”
Quando o mineiro imortal João Guimarães “Rosa-dos-ventos” escreveu “...Minas são muitas... são várias; a gente olha... pára... pensa... sente... Minas é muitas; ...São pelo menos várias Minas; ...Porém, são poucos aqueles que conhecem as mil faces das Geraes...”, o mundo entendeu e reconheceu as sutilezas do espírito de liberdade e dos valores deste povo, que possui uma incrível capacidade de superação e adaptação às novas demandas do mundo contemporâneo globalizado. Justifica-se, também, os ideais de liberdade que aqui nasceram e guiaram nosso Estado e a nação, fazendo ressaltar nossos heróis, construtores, visionários e mesmo o jeito mineiro de pensar, ser e agir.
Este dito inspirou, também, as comunidades formadoras do GRES Acadêmicos de Venda Nova a desvelar, na passarela do SambaBelô 2010, sínteses de histórias (e estórias) mineiras, retratando os ideais deste povo e as capitais históricas de Minas Gerais, desde as antigas sedes em Mariana e Ouro Preto, a moderna Belo Horizonte e o novíssimo centro administrativo construído em Venda Nova/BH, que inaugura um novo estágio de desenvolvimento, crescimento e modernidade para esta região da cidade, imprimindo a inconfundível marca de Oscar Niemeyer nos traçados do novo conjunto arquitetônico oferecido às secretarias do governo estadual.
Algumas destas “Minas” de Guimarães Rosa serão reveladas pela nossa Acadêmicos de Venda Nova através das cidades capitais do Estado e dos ideais de liberdade e modernidade do seu povo.
Desenvolvimento do enredo
Inspirado na célebre frase do mineiro João Guimarães Rosa, “Minas é muitas”, o GRES Acadêmicos de Venda Nova celebra o jeito mineiro de ser, a diversidade das suas manifestações culturais e sociais, o seu espírito empreendedor e inovador, através do enredo:“Das Minas às Geraes - o cantar de um povo e suas capitais.”
Minas é emoldurada por montanhas, vales, rios e florestas. Esta morfologia geográfica confere ao seu povo algumas características peculiares e reconhecidas por muitos como o “jeito mineiro de ser”, ou “mineiro come quieto”, dentre outros.
Ser mineiro é saber fazer dos fatos cotidianos fartos argumentos para seus causos e casos. É ser desconfiado, calado e observador em face de novas investidas, mas generosamente receptivo após os entendimentos e esclarecimentos necessários. É respeitar as tradições culturais e religiosas sem deixar de ter o coração e os olhos abertos para o mundo. É possuir um espírito que transcende aos limites das montanhas e alcança o universo com os seus ideais de liberdade, seus artistas, suas personalidades, e sua história.
Através de estórias e histórias das capitais mineiras - Mariana, Ouro Preto, Belo Horizonte, a nossa Acadêmicos de Venda Nova revela suas belezas e fatos que imortalizaram personagens que fizeram deste Estado pólo irradiador de cultura, liberdade e modernidade.
Após o desmembramento a partir da Capitania de São Paulo, Mariana foi a primeira capital da capitania de Minas Gerais. Vila Rica assumiu o posto de 1720 a 1821 e, a partir de 1821 denominada Ouro Preto, foi sede da Província de Minas Gerais até 1889. Entre 1889 e 1897 tornou-se a capital do Estado de Minas Gerais. A partir de 1897, Belo Horizonte assumiu a sede do Estado até os dias atuais.
Mariana foi a sede da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, de 1711 a 1720, quando a coroa portuguesa ali intensificou o controle sobre a exploração das minas de ouro. Foi chamada de Arraial do Ribeirão do Carmo (1696 a 1711), Vila do Ribeirão do Carmo (1711) e simplesmente Mariana (1745), nome este atribuído pelo rei D. João V, “o magnânimo rei-sol português”, em homenagem a sua rainha esposa D. Maria Ana d’Áustria.
Ouro Preto assumiu o posto de capital da recém emancipada Capitania das Minas Gerais em 1720. Inicialmente o local onde iniciou uma aglomeração de mineradores ficou conhecido como Arraial do Padre Faria (1698), Vila Rica surgiu em 1711 da junção de diversos arraiais próximos. Após a independência, em 1823, passou a ser a Imperial Cidade de Ouro Preto e simplesmente Ouro Preto após a proclamação da república.
Belo Horizonte foi inaugurada em 1897 a partir de um projeto arrojado para a época, elaborado por Aarão Reis, responsável pela planta geral e chefe da Comissão Construtora da Nova Capital. Foi a síntese de um pensamento republicano numa época marcada pela racionalidade, a ordem e o progresso, frutos das idéias positivistas. Ao redor do Praça da Liberdade surgiram os magníficos palácios sedes das diversas secretarias estaduais. Após um tímido início, alcançou a partir dos anos 20 grande fase de desenvolvimento e prosperidade econômica, social e cultural.
2009, Belo Horizonte, Venda Nova. Neste início do século XXI o governo do Estado inaugura o seu novo Centro Administrativo na quase tricentenária Venda Nova (298 anos), área norte da capital. Trata-se de uma concentração de 18 secretarias, palácio dos despachos do governador e autarquias estaduais, disponibilizadas em 3 torres envidraçadas de traçado futurista, as margens da moderna “Linha Verde”, autovia que interliga o centro comercial de Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins.
Celebram-se nesse enredo os imortais Juscelino Kubitschek, Aarão Reis, Joaquim Manoel Lisboa (o “Aleijadinho”), Manoel da Costa Ataíde (mestre Ataíde), Joaquim José da Silva Xavier (o “Tiradentes”), Sinhá Olímpia e Chico-Rei, personagens que enobrecem o nome de Minas para muito além destas montanhas.
“Rosa-dos-ventos”, “Rosas de Minas e do mundo”, João Guimarães é a voz destes sertões, que leva a cultura mineira para os quatro cantos da Terra. Vento este que generosamente espalha nossos talentos para todos os rumos, seja na cultura, folclore, artes, empreendedorismo e representação política. “Minas são pelo menos várias...” Estas e outras Minas serão reveladas neste enredo do GRES Acadêmicos de Venda Nova através das suas capitais e dos ideais de liberdade do povo mineiro.
Belo Horizonte, 01 de julho de 2009.
GRES Acadêmicos de Venda Nova
Diretoria Artística e Cultural
