sábado, 21 de março de 2009

CARTA COMPROMISSO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL SAMBADEZ





O Carnaval é a mais antiga e persistente festa popular do mundo. No Brasil, único país que assume as características originais dos remotos carnavais egípcio, grego e romano, ele tem sido um momento de liberação popular. É ainda um dos raros eventos de origem popular que se mantém como tal, apesar da tentativa dos meios de comunicação de transformá-lo em mercadoria cultural para consumo de massa. Por isso, é importante a valorização e o estímulo dessa forma de expressão verdadeiramente popular.

- Vários fatores têm desestimulado o Carnaval de Belo Horizonte:
- a falta de apoio do Poder Público;
- o fato de boa parte da população belorizontina voltar, na época do carnaval, às suas cidades de origem;
- a falta de estímulo à participação da iniciativa privada (empresas de hotelaria, restaurantes, de turismo, indústria e comércio de bebidas, entre outras) que ainda não percebeu que o investimento no carnaval pode trazer retorno;
- a ausência de uma política de estímulo à cultura popular e de valorização de suas manifestações;
- preconceitos arraigados de parte da população economicamente mais favorecida, que menospreza as formas populares de expressão e lazer;
- a atração de carnavais mais tradicionais, especialmente o do Rio de Janeiro, onde são feitos substantivos investimentos.

Um Governo voltado para o atendimento às necessidades da população deveria olhar com carinho o Carnaval de Belo Horizonte. Apresentamos uma lista de reivindicações para que isso aconteça:

- Garantir a realização do Carnaval de 2010 em Belo Horizonte, com apoio efetivo da Prefeitura, estando previsto orçamento para esse fim. De sua parte, as Escolas de Samba irão empenhar-se para efetuar os desfiles com a maior beleza e organização possíveis;

-A partir de 2010, desenvolver um projeto permanente para o Carnaval de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal de Cultura, criando-se uma comissão que, dentre outras questões, irá estudar as seguintes questões:

1.Cessão de áreas em regime de comodato para que cada Escola de Samba desenvolva seus projetos carnavalescos e sociais; até que seja formatado a construção do Sambódromo,
2.Reorganização do Carnaval de Belo Horizonte, visando recuperar suas origens históricas e populares, já que ainda não é um produto da indústria cultural;
3.Reorganização e reestruturação das organizações carnavalescas, visando profissionalizá-las, torná-las mais autônomas, auto-suficientes e participantes no desenvolvimento das comunidades sob sua influência;
4.Estabelecimento de um novo regulamento para os eventos e desfiles carnavalescos, adaptado à nossa realidade e tradições;
5.Construção de um Sambódromo para BH, que poderia servir não apenas para desfiles carnavalescos, mas que funcionaria, ao longo do ano, como espaço cultural, educativo e de lazer populares. Trata-se um local para incremento das manifestações folclóricas em geral, como congados, festas afros e outras, bem como festas juninas, religiosas, feiras etc. Sugerimos até a construção do Sambódromo, área da Prefeitura na avenida dos Andradas em frente a Praça da Estação, Boulevad ou próxima da Câmara Municipal;
6.Democratização das Escolas de Samba, através de eleições livres com ampla participação de seus filiados, evitando que elas se transformem em feudos de famílias ou grupos que as usam para atender a interesses pessoais, políticos e econômicos;
7.Estudar a possibilidade de antecipar em uma semana a data do Carnaval de Belo Horizonte, para não coincidir com outros carnavais tradicionais, como do Rio de Janeiro e de cidades do interior de Minas, o que já foi adotado em nosso próprio Estado e em outros. Essa alternativa poderia garantir mais adesão ao Carnaval de Belo Horizonte;
8.Busca de alternativas para a sustentação financeira das Escolas de Samba de BH, através de parcerias com empresas privadas, patrocínios;
9.Uso do Sambódromo como gerador de recursos através dos múltiplos eventos a serem promovidos ao longo do ano;
10.Realização de parcerias, para que o Sambódromo possa ser usado como espaço de lazer, educação, socialização e prevenção da marginalização, do uso de drogas, do abandono de menores e de outros problemas sociais, através de oficinas, palestras, cursos, seminários, artesanato e outras atividades que também possam dar retorno financeiros para as comunidades;
11.Criação do Museu do Folclore e do Carnaval.

Acreditamos que medidas como essa podem transformar o Carnaval e, mais que isso, a Cidade de Belo Horizonte, transformando-a em um atrativo turístico e, principalmente, em um local com novas alternativas culturais, sociais e econômicas para as suas próprias comunidades.


Belo Horizonte, 21 de março de 2009.





Luiz Carlos Novais
Presidente da Associação Cultural SamDez




Ilmo. Sr. Dr. Julio Pires
DD. Diretor Presidente da Belotur